terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Queda livre

Em gotas de cinza eu fiz meu altar
Nas bases do vento que vinha do sul
Soprei o segredo
E o céu me expõe nas margens do inferno
Cair é um fato, levantar uma arte
A vida me fez um leigo no ser
(e você apenas ri)
Quem está certo: você
Ou a dama que trapaceia com o valete?
O crime do rei foi abolido
E todo o reinado vibrou
Os súditos negaram
O que posso fazer?
(você apenas ri)
As paredes do meu quarto me sufocam
A porta está fechada, assim como sua mente
E tudo não passa de uma simples revolução
Dentro de quatro paredes
A voz do nada falou mais alta
E o trote da dor amainou com o vento
A tempestade caiu soberba
A chuva molhou minha alma
E tudo mofou com o tempo
O sangue correu, a paz se fechou
E eu me perdi por labirintos de aparelhos
Ergui a cabeça e avistei o sol
Era tarde

Trabalho integrante da antologia “Literatura de Vanguarda” (1993) da Litteris Editora/RJ.

(Piaia)

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