Mais uma noite agradável e lá estava eu, apreciando a movimentação no terminal de ônibus, desta vez bem mais tranqüila, penso que pelo adiantado da hora. Para meu deleite, porém, o pastor se fazia presente fazendo sua entusiasmada pregação. Não tive dúvidas: comprei um amendoim “quentinho”, sentei-me num banco e passei a ouvi-lo.
Sem seu terno habitual devido ao clima, mas com uma alinhada camisa de mangas curtas, tecia pesadas críticas à televisão, às novelas e outros que-tais. Ninguém lhe dava bola. A sonolenta rotina somente foi quebrada por uma jovem, visivelmente habituê do local, que passou por ele e começou a tecer comentários desafiadores, acompanhados de gestos obscenos, mostrando o dedo “pai de todos”. Aqui pra você –gritava ela. Vai fazer alguma coisa de bom em vez de ficar aí falando o que os outros têm que fazer –acrescentava. Não bastasse o incômodo e os gestos baixos, agitava uma bandeirinha da Dilma. E ele falando sobre os pastores da TV, que prometem riqueza e vida fácil, mas que não movem uma palha para ajudar quem quer que seja de outra religião. Ironizou abertamente a igreja evangélica, que não ajuda “budistas”. Não, não entendi o motivo dessa referência aos budistas em especial. E a moça gritando e gesticulando obscenamente, despertando a indignação de todos que passaram a prestar atenção às palavras do pregador, despertados que foram pela má educada ouvinte. Ele seguia, agora tecendo severas críticas à música chamada “Gospel”, por ele classificada como “lixo que nos dá vontade de cuspir”. Uma frase utilizada ficou gravada em minha memória: “Nunca tanta gente acreditou em tantas mentiras”.
A moça se foi, tudo se acalmou, mas penso que ela cumpriu seu papel. Notei que, agora, todos ouviam-no atentamente, a maioria concordando com suas palavras através de leves movimentos de cabeça. Até eu! Acabei me dando conta de que concordo com cerca de 90% de sua pregação e, não fossem as sólidas bases filosóficas alicerçadas no espiritismo que mantenho, facilmente o seguiria.
Meu ônibus encostou e, já instalado em seu interior, eu continuava me esforçando para ouvi-lo, assim como meus colegas de transporte coletivo. Uma pena o motorista ter cumprido seu horário à risca. Hoje não vejo a hora de ir embora para ouvir novamente meu pastor preferido. Vou acabar me convertendo...
Sem seu terno habitual devido ao clima, mas com uma alinhada camisa de mangas curtas, tecia pesadas críticas à televisão, às novelas e outros que-tais. Ninguém lhe dava bola. A sonolenta rotina somente foi quebrada por uma jovem, visivelmente habituê do local, que passou por ele e começou a tecer comentários desafiadores, acompanhados de gestos obscenos, mostrando o dedo “pai de todos”. Aqui pra você –gritava ela. Vai fazer alguma coisa de bom em vez de ficar aí falando o que os outros têm que fazer –acrescentava. Não bastasse o incômodo e os gestos baixos, agitava uma bandeirinha da Dilma. E ele falando sobre os pastores da TV, que prometem riqueza e vida fácil, mas que não movem uma palha para ajudar quem quer que seja de outra religião. Ironizou abertamente a igreja evangélica, que não ajuda “budistas”. Não, não entendi o motivo dessa referência aos budistas em especial. E a moça gritando e gesticulando obscenamente, despertando a indignação de todos que passaram a prestar atenção às palavras do pregador, despertados que foram pela má educada ouvinte. Ele seguia, agora tecendo severas críticas à música chamada “Gospel”, por ele classificada como “lixo que nos dá vontade de cuspir”. Uma frase utilizada ficou gravada em minha memória: “Nunca tanta gente acreditou em tantas mentiras”.
A moça se foi, tudo se acalmou, mas penso que ela cumpriu seu papel. Notei que, agora, todos ouviam-no atentamente, a maioria concordando com suas palavras através de leves movimentos de cabeça. Até eu! Acabei me dando conta de que concordo com cerca de 90% de sua pregação e, não fossem as sólidas bases filosóficas alicerçadas no espiritismo que mantenho, facilmente o seguiria.
Meu ônibus encostou e, já instalado em seu interior, eu continuava me esforçando para ouvi-lo, assim como meus colegas de transporte coletivo. Uma pena o motorista ter cumprido seu horário à risca. Hoje não vejo a hora de ir embora para ouvir novamente meu pastor preferido. Vou acabar me convertendo...
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Deni Píàia