segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Grande águia


A grande águia pousou
E sob suas garras não restou nada.
Chegou arrogante,
Impondo regras,
Rapinando a vida,
Que é o que ela faz.
Abriu suas asas e abafou a verdade,
Arrulhou ordens,
Restabeleceu a ordem,
Sua ordem e vaidade.
Em seu nome fez-se sua vontade,
Com o bico curvo estripou a cultura,
Pisou na poesia,
Defecou na sensibilidade,
Cuspiu indiferença.
Levantou vôo em direção ao norte
Deixando apenas a destruição,
A fome, a ignorância, a morte,
A sua marca na carne do povo.
A grande águia é cega.

Deni Píàia

O inimigo da nação


A pergunta ficou sem resposta:
Quem é o inimigo da nação?
Já foi a ditadura,
Antes a escravidão.
Hoje é pior
Mais frio e carniceiro
Porque se disfarça de bom e trigueiro.
Refiro-me ao poder
Não executivo ou legislativo,
Nem mesmo ao econômico,
Mas ao poder judiciário,
Que se acovarda sob o alto salário
E engole a humilhação, o seu pão
A um custo muito barato.
Faz vista grossa ao crime do rico,
Obedece à ordem da arrogância,
Faz do povo o seu penico,
Deixa-se levar pela ganância
Em abundância.
Solta o salafrário e prende o operário,
Prepara brechas no caminho
Onde se esconde da verdade.
Sob os argumentos da lei faz seu ninho.
Ah, esse poder de prender e soltar,
De fazer, refazer e mudar,
Que teme o poder do mais forte,
Que espezinha o fraco, sem norte,
Que não prende político ladrão,
Que liberta o bandido de carrão,
Que humilha minorias oprimidas,
Que desconfia descaradamente do negro,
Que desencoraja o honesto.
A pergunta não ficou sem resposta:
Qual é o inimigo da nação?
O poder judiciário encabeça a minha relação.

Deni Píàia