segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mundinho

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Seu mundinho é muito pequeno
Nele não há espaço para mim
Presépios enlatados não mais me corrompem
Você gosta de ser enganado

Não me convide para o seu mundo
Meus sonhos são maiores que ele
Minha fome pode engoli-lo
Tudo, nele, é vazio e as cores são falsas
Não há espaço para os simples

Quero distancia desse seu mundo que
Não é maior que sua visão
É do tamanho de sua visão
Rasa e rança.


Deni Píàia

Quem inventou o Brasil?


Ninguém inventou o Brasil,
Ele se fez por si.
Nasceu na porrada, na sarjeta,
Esteve esquecido na gaveta,
Mas veio à luz como é

Na Roda Viva do Chico,
Com Todos os Olhos do Tom Zé
E teve Vandré,
Num Domingo no Parque do Gil.

Sei que você viu,
Foram anos Mutantes
Incomodantes assim
Com Milton, Caçador de Mim.

E veio, então, novo dia
No tom de Jobim
Com Caetano e sua Alegria, Alegria,
Vinicius, banquinho e Toquinho,
Novos Baianos sem velhos conceitos,
Trazendo novos trejeitos.

O Brasil tem um pouco de todos
Um pouco de tudo
Um pouco de nós.


Deni Píàia

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

.........................................................Pensamentos

I

Amar não é ter somente para mim,
Mas ter até o fim,
Mesmo que o fim não seja assim,
Como eu gostaria.
A exclusividade leva à solidão.

II

Criança cuja infância foi roubada
Torna-se adulta infantilizada,
Palhaço entristecido,
Arco-íris poluído.

III

Certas palavras ficam melhores no papel.
Ganham vida, não se diluem,
Eternizam-se no céu e
Por isso escrevo.

IV

Saudade não se define.
É o egoísmo que se disfarça
Ainda que na poesia me fascine.
Não passa de comparsa
Da possessividade.

V

Iludido, quis definir a poesia
Como criança a segurar o vento.
Desavergonhada orgia de sentimentos

VI

Entre o bem e o mal
Fico em dúvida com qual
O bem que gosto tem?
Nem posso dizer que é amargo o que não tem gosto
O mal, um ponto de vista que, deste posto,
Não coincide com o meu

VII

Tem coisas que a gente tenta escrever,
Mas não consegue.
Tenta falar,
Mas não o faz.
Tenta enxergar,
Mas não quer ver.

VIII

Tem coisas que a gente quer entender
Sem antes saber.
Tenta explicar
Sem saber começar.
Insiste em manter
E nem quer saber como vai terminar.

Deni Píàia

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Foi assim

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Com meu coração minguante,
Cercado de ecos,
Aparei as hostis arestas de sua rebeldia planejada.

Num vento estranho com sabor de passado
Senti seu débil perfume de coxas,
Beliscão de moça-menina.

Em meio aos seus escombros
Colhendo o orvalho fresco
Notei um quê de insanidade
Triste como jardim de hospital.

Em meio ao rendilhado de ramas,
Flores de cemitério,
Uma velha brisa soprou luzes pacíficas,
Frescor de arco-íris.


Deni Píàia

De Mozart à vuvuzela

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Silenciada a vuvuzela
Roubo do teu silêncio a dor
E um trovão de primavera
Faz-se arauto de amor
Numa rima óbvia e intragável

Neste resto de inverno que me resta
Vou visitar a estrela mais próxima
Esperar que, em festa, se abra uma fresta
Para ouvir Mozart e Beethoven

Assim espero
Que ninguém é de ferro
Sanidade, uma quimera
Mozart salva
Beethoven recupera

 
Deni Píàia

Do amar

 o
Do amar vem o amar.go
Mas também vem o amigo
E com ele o amar.elo do sol
Amar.melada doce
Amar.telada no dedo
Ah.mar.tirio do medo...

Do amar vem
Amar.cela para o chá
Amar.garina do pão
Amar.mita do peão
Amar.ca nova de carro

A.Mar.te eu irei, se
Amar-te é minha sina

Deni Píàia

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um segredo

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Sei que estão todos ocupados
Sem tempo para ouvir meus sonhos,
Mas confiança ou sem fiança
Vou fiando esse caminho,
Tecendo a minha teia,
Costurando em minha veia
Impressões que não convencem.
O nada me apavora,
O tudo me apavora,
A imensidão me apavora,
A rejeição me apavora,
A sirene na noite me apavora,
A eficiência do mau me apavora,
O silêncio do bom me apavora.
Ora! E quem se preocupa com isso?
Estão todos pré.ocupados.
Alguém sempre sai machucado
Quando existe um vencedor.
O orgulho estampa a cara do afortunado
Difícil engolir essa dor.
O que você mais teme vai enfrentar um dia.
Rejeição é espinho que não lhe deixa dormir.
Viver é acordar de uma fotografia
E esperar a noite para lhe consumir.
Alguém sempre sai machucado
E a cicatriz da alma não sara.
Nunca mais vi o dia amanhecer nos seus olhos
E o seu sorriso refletindo o sol
Não sorriu mais para mim.
Viver é bom ainda assim.
Vou desvendar um segredo:
Eu existo!
Mesmo que ninguém note, eu existo.

Deni Píàia

Enquanto você não chega

o
Grãos de vida,
Cacos de luar.
Colhi estrelas e guardei
No celeiro da alma
Esperando sua (re)volta.
Quando a lua é apenas o que você vê
Não se faça de rogada:
Venha que a colheita é certa,
Os frutos estão maduros.
O celeiro ainda é o mesmo
Onde guardo nossos momentos
E meus dias sem sentido.
Nele não há trancas e as janelas não se fecham
Mas somente o vento vem e vai
Enquanto você não chega.

Deni Píàia