quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Comemorando o Tri

.

O inimigo se esconde no quintal
Falemos baixo para que não nos ouça
Pois queria me juntar aos ladrões
Aos desviados, ditos vilões
Seria mais leve essa carga
Cuidado que ele está chegando
E usa farda
Faz-se de bom samaritano
Livra-se de corpos em valas anônimas
Sob o asfalto de avenidas
Cheias de vidas
Silêncio!
As paredes têm ouvidos e guardam corpos
O inimigo nos espreita
Explode bombas em meu nome
Tortura e mata, mas não mata a fome
Das verdades que ficaram contidas
Nas cicatrizes dos choques, nas feridas
O sonho ainda não acabou
Mas virou pesadelo
Lá vem ele, pé ante pé
Disfarcem,
Comemoremos mais um gol de Pelé

(Deni Píàia)

Laura chegou

Para os amigos Salim e Raquel, pais da Laura.

Laura chegou
Mudando conceitos, clareando visões
Transformando a vida e uma brisa soprou
Trouxe guarida, temporal de emoções

Laura tem luz
Amor sem fronteiras que não se detém
Ramo de louros que a coragem conduz
E um coro de anjos entoou Amem

Laura tem aura
Perfume cidreira, cheirinho de filha
Faz-se a verdade, fissuras restaura
Laura chegou e formou-se a família

(Deni Píàia)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mercadoria exposta

.
Seu universo tem duas calçadas
Que se encontram numa esquina
Onde todos vão pegá-la
Travestida de menina
Basta um toque na buzina

Seu universo tem um poste torto
Que mal ilumina sua noite
Quando o dia já vai morto
A única rima é o açoite
Mas às vezes tem pernoite

Seu universo tem carros do ano
Mais confortáveis que sua cama
Tipos bizarros, sentimento insano
Pagam pra dizer que os ama
Habituados à lama

Seu universo tem roupas curtas
Pernas de fora, seios à mostra
Paredes nuas, retinas turvas
Bancos de couro onde se prostra
Mercadoria exposta

Seu universo é mais que isso
Também tem medos, choro que embarga
Ranger de dentes, reza e feitiço
Suor azedo, saliva amarga
É pesada sua carga

(Deni Píàia)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Amigo virtual

- 3o lugar no Concurso Internacional de Poemas "Interfaces Culturais" – Belém do Pará, 2010.
- Menção Honrosa no XXXI Concurso Literário da Uniso (Microcontos) - 2012.

Ligou
Conectou
Acessou
Na sala de bate-papo descobriu-se só
Desconectou-se da vida
E ninguém notou

(Deni Píàia)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Todos os dias são iguais

.
Estive perdido por todo esse tempo, mas
Ninguém se mantém no inferno ou no paraíso se não quiser
Vaguei pelos vales do corpo amado
Levitei sobre cabelos ondulados e perfumados
Rastejei-me aos pés de unhas vermelhas
Deitei-me com as cabras da montanha
Até que uma doce flauta doce soou a leste
E como um rato de esgoto passei a seguir
As cores que se esparramaram pelos campos
Quando todos lhe dizem o que sentir, falar ou como agir
Algo está acontecendo no país de ninguém
Quando a platéia vaiou Bob Dylan
Ficou claro que estrelas só brilham no escuro
Não posso acreditar no que dizem os jornais
Já que todo jornalista pensa ser Deus
Publicitários têm certeza
Médicos até brincam de ser
E o advogado vai processar os três
Afinal, ele se enxerga acima dos quatro
Todos os dias são iguais quando você não tem dinheiro para o pão

(Deni Píàia)