I
Amar não é ter somente para mim,
Mas ter até o fim,
Mesmo que o fim não seja assim,
Como eu gostaria.
A exclusividade leva à solidão.
II
Criança cuja infância foi roubada
Torna-se adulta infantilizada,
Palhaço entristecido,
Arco-íris poluído.
III
Certas palavras ficam melhores no papel.
Ganham vida, não se diluem,
Eternizam-se no céu e
Por isso escrevo.
IV
Saudade não se define.
É o egoísmo que se disfarça
Ainda que na poesia me fascine.
Não passa de comparsa
Da possessividade.
V
Iludido, quis definir a poesia
Como criança a segurar o vento.
Desavergonhada orgia de sentimentos
VI
Entre o bem e o mal
Fico em dúvida com qual
O bem que gosto tem?
Nem posso dizer que é amargo o que não tem gosto
O mal, um ponto de vista que, deste posto,
Não coincide com o meu
VII
Tem coisas que a gente tenta escrever,
Mas não consegue.
Tenta falar,
Mas não o faz.
Tenta enxergar,
Mas não quer ver.
VIII
Tem coisas que a gente quer entender
Sem antes saber.
Tenta explicar
Sem saber começar.
Insiste em manter
E nem quer saber como vai terminar.
Deni Píàia
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