segunda-feira, 6 de julho de 2009

Folha branca

Num dia de forte ventania, alva folha de papel voava tresloucada por este mundo de Deus, até encontrar pouso seguro numa velha e semi-abandonada cidadela.
Uma garotinha, de não mais de 8 anos, passava por perto e ficou curiosa em saber o que estava escrito no papel, pensando em tantas coisas novas que poderia aprender. Ao se aproximar, porém, uma nova rajada de vento fez com que a folha levantasse vôo novamente, partindo para outras paragens.
Voltou a pousar pouco tempo depois num antigo sítio que recebia os cuidados de um velho negro de barba por fazer. Apostando nas boas notícias que a folha de papel poderia conter, aproximou-se para apanhá-la, sendo também traído por outra rajada de vento que a levou para longe.
Pouco depois houve um novo pouso, desta vez próximo a um ponto de ônibus onde uma jovem adolescente aguardava pensativa. Quem sabe uma simples folha de papel não trouxesse mensagens tão românticas que aplacassem sua sede de amar?
Também foi traída pelo vento.
E assim o papel continuou seu trajeto enigmático, deixando muitas pessoas curiosas. Mas acabou que ninguém conseguiu saber o que continha a folha, na verdade branca, imaculada, sem qualquer informação. Mas cumpriu seu papel de provocar em cada parada a curiosidade e as esperanças dos que presenciavam seus vôos ao léu. E todos se sentiram um pouco mais felizes.

(Piaia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário