sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mulher paisagem


Mulher paisagem
morta,
mal cheirando a tédio,
passividade de um abajur.
Feita para ser vista,
mantida pela revista,
páginas grudentas de se engolir.

Mulher paisagem
morta,
linda de se ver,
mas não me acorde pela manhã.
Quero sonhar o sonho que você desconhece.

Mulher paisagem
morta,
o silicone tirou-lhe o viço,
o dinheiro comprou-lhe fãma,
bajuladores a convenceram que
poderia voar.
Amanhã não terás.

Mulher paisagem,
paisagem morta
bonita e só,
mas não me arrebata
como casinha à beira do lago
na estrada para Pedreira.

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