segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando a morte me convidar para dançar

Não posso banhar-me duas vezes na mesma água
Ou respirar outra vez o mesmo ar
Uma vida só se vive uma vez
Todo dia é tudo novo
Cada instante uma nova vida
Cada vida um novo momento
A vida não se demora mais que isso
Por isso, quando a morte me convidar para dançar
Vou aceitar sem pudor
Esquecer as promessas
O leite no fogo
A roupa na chuva
A chave na porta
Vou sair dançando como se soubesse
Entregar-me aos braços que me suportam
Dar-me-ei por vencido
Vou falar palavras que desconheço
Revelar segredos que nunca tive
Mostrar emoções que sempre escondi
Quando a morte me convidar para dançar
Vou aceitar sem pudor
Deslizar pelo salão da vida
Revendo a todos que me duvidaram
Rir daqueles que me censuraram
Por andar descalço
Acreditar no amigo
Por ter esperança
O espanto deles já não me preocupa
Suas palavras não me convencem
Quando a morte me convidar para dançar
Vou aceitar sem pudor


(Piaia)

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