sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Benditos os frutos

Selecionado entre os 35 melhores no Prêmio SESC 2011 / Brasília-DF,  Concurso de Poesias Carlos Drummond de Andrade.

O horror estampa as caras dos filhos
Como se enxergassem os fantasmas que não vemos
Os fantasmas somos nós
A nossa velhice
A mesmice
Tudo o que não querem é ser o que somos
Somos aparências preocupadas com as línguas de fogo
Somos os fantasmas que os espantam
Se somos assim, são assados
Não, não estão errados
Falamos muito e fizemos pouco
Buscam o choque para nos mostrar
Só eles enxergam que ficamos velhos
Pijamas, chinelos, TV, lembranças, Beatles
Aquelas mentiras que contamos já não funcionam
Descobriram que não fomos heróis
Amanhã estarão se olhando no espelho
Descobrirão que solidão não sara quando vem de dentro
Benditos os frutos da nossa família


(Deni Píàia)

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