sexta-feira, 16 de novembro de 2012

No lugar da velha casa


No lugar da velha casa
Imponente arranha-céu
Cutucando as nuvens,
Desviando rotas,
Incomodando os deuses.
Não tem jardim nem quintal,
Jabuticabeira ou horta.
Não tem prego na porta
Onde se penduravam problemas,
Simples dilemas.

No lugar da velha casa
Esconderam o meu céu
Para onde eles não vão.
Não tem vista pras montanhas,
Cortina de chita estampada,
Trepadeira em florescência.
Que indecência!
Não tem cigarras em recitais,
Mas beija-flores sugando
Tristes flores artificiais

No lugar da velha casa
Só o silêncio da alma
Escoando por entre os dedos.
Fragmentos de sonhos
Esparsos pelo ar.
Impossível despir-se do passado num verso fugidio.


(Píàia)

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